Nem professor nem pai nem mãe nem parente algum. Quando os alunos têm
dúvidas, o campeão de audiência e de credibilidade é o Google. A
constatação é de uma pesquisa realizada por um instituto britânico que
ouviu 500 crianças com idades entre 6 e 15 anos. Do total de
entrevistados, 54% preferem consultar o buscador quanto precisam checar
alguma informação. E as descobertas não pararam por aí: mais de um terço
(34%) das crianças não acredita que seus pais sejam capazes de
ajudá-las a fazer o dever de casa; 14% não acham seus pais inteligentes.
Isso se deve, além da popularização da internet, a outras
duas razões, avalia a psicóloga Natércia Tiba: a menor disponibilidade
dos pais e a tendência imediatista das novas gerações. "De modo geral,
pai e mãe estão no mercado de trabalho, logo não estão tão à disposição.
Soma-se isso ao fato de essas crianças crescerem num ambiente em que
tudo é fornecido muito rápido e está explicada a popularidade do Google.
Quem é que vai querer olhar no índice de uma enciclopédia?"
De
fato, a pesquisa mostrou que, imersos no mundo tecnológico, grande
parte desses estudantes também passa bem longe dos materiais impressos
de consulta: 19% deles não sabem o que é um dicionário impresso e 45%
nunca usaram uma enciclopédia. Aliás, desconhecem até o significado do
termo. Numa tentativa de adivinhar o que seria uma enciclopédia, as
respostas foram de meios de transporte a instrumento cirúrgico.
A
pesquisa, como se imagina, não vale só para a Grã-Bretanha. Unanimidade
mundial, o site de buscas também é a página inicial de muitas crianças
brasileiras. É o caso de Carlos Alberto Koji Kamei Ohara, de 10 anos.
Aluno do 5º ano do ensino fundamental no Colégio Santa Maria, há três
anos ele usa o Google todos os dias para fazer a tarefa de casa. "Aos 8
anos, eu aprendi a pesquisar. E me ajuda muito, principalmente em
português, história e geografia. E não sou só eu que gosto. Todos os
meus amigos também usam", diz.
Mas sem o truque do "ctrl-C,
ctrl-V". O garoto explica que, para cada tema que precisa estudar, lê o
conteúdo de pelo menos dois ou três links e depois reescreve com suas
próprias palavras. Mas dá para confiar nas informações? "Quase sempre."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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