Diplomas falsificados de nível superior estão sendo vendidos
livremente na internet. A compra pode ser feita por qualquer pessoa -
até mesmo por quem nunca cursou uma universidade. Os supostos
comerciantes oferecem até certificados da área médica. Um diploma de
Enfermagem, por exemplo, custa R$ 6 mil.
Em diversos sites, falsificadores prometem entregar os diplomas de
curso superior em prazos de até dez dias. Dizem também que o documento
entregue terá um suposto reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) e será oficializado, com a publicação no Diário Oficial da União (DOU).
Sem saber que se tratava de uma reportagem, um atendente do site
Sucesso Corp. (www.sucessocorp.com.br), explicou por telefone como
funciona o esquema ilegal à Rádio Estadão. É preciso enviar documentos à
faculdade indicada pelo negociador e pagar 60% do valor, como sinal.
Por um diploma de Pedagogia, ele cobrou R$ 4 5 mil.
“Tudo legalizado em 15 dias. Reconhecido e publicado”, afirmou. “Você
vai escanear os documentos e mandar por e-mail para lá. Eles vão fazer o
encaixe e mandar para o MEC. Em dois ou três dias, o MEC deu OK. Você
faz 60%. Mais oito dias, sai a publicação e eu mando levar.”
Identificando-se como Marcos, o atendente também disse que há a
possibilidade de o comprador escolher a universidade pela qual o
documento falso será emitido. “De repente, eu posso conseguir na
(faculdade) que você pretende. Como posso conseguir outra”, disse.
Em outro portal de compras e vendas, um atendente ofereceu os
serviços com a promessa de entregar diplomas em todo o País. Também por
telefone, o infrator garantiu à reportagem a autenticidade do diploma e
disse conseguir um número de registro que dá acesso exclusivo ao
histórico escolar de um aluno desistente do curso pretendido.
O homem chegou a oferecer a emissão do diploma por duas instituições
de ensino superior de São Paulo. “Aí em São Paulo tem a Presbiteriana
(Mackenzie) e, se for o caso, consigo pra você na Unip”, disse.
“O diploma é reconhecido e registrado e tem até o RA. Você vai poder
checar dentro da própria instituição a autenticidade do que você está
comprando. Tem muita gente que te vende um pedaço de papel e você não
pode averiguar nada”, continuou.
Questionado se havia riscos no esquema, ele garantiu que não: “Não
vai ter. Se der problema para você, com certeza eles vão chegar até
mim”.
Máfia
Questionado sobre o caso, o diretor jurídico da Associação Brasileira
de Mantenedoras do Ensino Superior, José Roberto Covac, levantou a
hipótese de que diplomas originais estejam sendo usados no esquema
fraudulento e de que haja envolvimento de funcionários das
universidades.
“Quem assina o diploma é o reitor. Quando a universidade faz o
registro do diploma, ela verifica todo o registro acadêmico do aluno.
Parece que há uma máfia e que alguém de dentro da universidade está
fabricando documentação e registro. E o reitor acaba até assinando o
diploma sem ter conhecimento”, disse.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie afirmou por nota que repudia a
comercialização de diplomas. A instituição diz que o processo seria
“praticamente impossível de ser realizado dentro da universidade”, por
causa do número de setores e profissionais envolvidos na diplomação dos
alunos.
Também citada pelo fraudador, a Universidade Paulista (Unip) afirmou
que “os sistemas adotados pela instituição inviabilizam o esquema de
confecção de diplomas a não formandos”. A Unip disse que pretende
procurar a Polícia Civil para requerer a instauração de um inquérito
para investigar a identidade de possíveis criminosos e a forma de
atuação deles.
Sobre a suposta ajuda que os fraudadores mencionam ter na confecção
dos diplomas, a assessoria de imprensa do MEC disse que as universidades
são “inteiramente responsáveis” pelo documento e “não cabe ao MEC parte
alguma no processo”. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
AGÊNCIA ESTADO
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